sexta-feira, julho 09, 2004

Esquema de um coração

Hoje abdico dos meus sonhos.
Não de todos, só daquele mais importante, daquele que mais queria. Conformo-me à vida, (amostra de), sem ele. Tiro as pegadas, o rasto daquele sonho de dentro do coração. Não tenho espaço para ele. As emoções já estão apertadas, a prateleira da dor está cheia. Bem, o armário da alegria está meio vazio, mas não posso misturar os artigos...Não podemos guardar o esparguete junto do detergente para a roupa, pois não? Corremos o risco de estragar uma das coisas.
Num canto está empilhada a tristeza, tropeço nela de vez em quando. Tenho o deslumbramento cheio de pó por estar na prateleira de baixo, sem uso.
A saudade está em todo o lado e não sei onde guardei a satisfação. Acho que a pus naquela prateleira, lá em cima, junto com alguns sonhos. Tenho inclusivé algumas mágoas penduradas no tecto. No meio do chão estão as lágrimas que acabaram por salgar alguns ais, que tinham ficado por ali caídos, e os cristalizaram. Tenho que os deitar fora. As lágrimas, essas, chegam-me aos tornozelos.

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